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Casa do Artesão, Apiaí (SP). |
Por: Aristides Faria, professor do Instituto Federal de São Paulo.
O ciclo de
vida das destinações turísticas tem início, em verdade, antes que determinadas
localidades sejam efetivamente destino de viagem para as pessoas, seja por
motivo de lazer ou negócios.
Acredito
que esta noção seja bastante clara para os colegas e estudantes que se
interessam por planejamento turístico. Em geral, para o grande público, tenho a
impressão de que esta informação não seja tão precisa.
Pergunto: Em
qual momento uma cidade “se transforma” em destino turístico? A
indagação induz a uma série de reflexões – bastante interessantes – que eu
comentarei neste texto.
Lhe convido
a conhecer Apiaí,
município localizado na região do Vale do Rio Ribeira, próximo à
divisa entre os estados de São Paulo e Paraná, e
onde residem cerca de 25.000 apiaienses.
Apiaí
possui território de 974,322 km² (IBGE, 2019), onde é possível
conhecer atrativos como o Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (PETAR),
onde, dentre mais de 500 cavernas catalogadas, há pouco mais de uma dezena
abertas para visitação (PETAR, 2019).
É
importante mencionar que, além do PETAR, há outras importantes
unidades de conservação abertas à visitação pública na região. Destaco o Parque
Estadual Caverna do Diabo, o Parque Estadual Ilha do Cardoso e
o Parque Estadual Intervales.
Em 1999,
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO)
reconheceu ampla fração desta região enquanto “Sítios do Patrimônio Mundial
Natural”.
Foi
declarado que:
“As
Reservas de Mata Atlântica do Sudeste, nos estados de Paraná e São Paulo,
reúnem alguns dos melhores e maiores exemplos de Mata Atlântica no Brasil. As
25 áreas protegidas que formam o sítio (cerca de 470 mil hectares, no total)
preservam a riqueza biológica e a história evolucionária dos últimos vestígios
de vegetação atlântica remanescentes. Com montanhas cobertas por densas
florestas, passando por áreas de mangue, ilhas costeiras com montanhas isoladas
e dunas, a área compreende um ambiente natural rico e um cenário de grande
beleza” (UNESCO, 1999).
A
pacata cidade apresentou bom desempenho no ranking do Índice
de Desenvolvimento Humano (IDHM) (0,710), em 2010, o que situa Apiaí
na faixa de “Desenvolvimento Humano Alto” (índices entre 0,700 e 0,799). A
dimensão que mais contribui para o IDHM do município é Longevidade, com índice
de 0,835, seguida de Renda, com índice de 0,662, e de Educação, com índice de
0,647 (PNUD, 2019).
Vistos
estes dados gerais, fica bastante clara a relevância desta região para o
desenvolvimento turístico do estado de São Paulo e mesmo do
mosaico de áreas naturais protegidas/unidades de conservação sediadas no Paraná
e nos municípios do extremo Sul paulista.
Fica
evidente, sobretudo, o amplo potencial para a implementação de projetos de
fomento ao turismo e à valorização das tradições regionais – no mesmo sentido
do que fez a UNESCO. Aliás, em 2019, completa-se vinte anos deste
reconhecimento internacional.
Apiaí foi
categorizado como um “Município de Interesse Turístico” pelo Governo do
Estado de São Paulo, no contexto da Lei Complementar nº 1.261, de 29 de
abril de 2015. Assim, o município goza de prioridade na aplicação de
recursos públicos estaduais em obras e serviços empregados no fomento ao
turismo.
Retomo
minha pergunta inicial: Em qual momento uma cidade “se transforma” em
destino turístico?
Eventos
(muito!) anteriores à promulgação desta lei complementar ou mesmo de demais
políticas públicas que buscaram, de algum modo, alavancar o turismo paulista,
compõem a base da oferta de Apiaí e região. Assim, há que se
observar os mais variados fatores que convergem ou divergem do objetivo final
de se consolidar a atividade turística como vetor de desenvolvimento
socioeconômico dos municípios do Vale do Ribeira.
Em minha
visão, o desafio reside em convertermos todo o potencial mencionado em produtos
voltados a segmentos específicos da demanda turística nacional e internacional.
Parece
simples, mas se trata de processo participativo e, necessariamente, dialogado
entre todos os atores envolvidos e – espera-se – comprometidos com esta causa.
Nos vemos
em Apiaí!
Um
forte abraço!
Sucesso
sempre,
Aristides
Faria
Referências
ALESP. ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Lei
Complementar nº 1.261, de 29 de abril de 2015. Disponível em: <http://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei.complementar/2015/lei.complementar-1261-29.04.2015.html>. Acesso em: 15 de julho de 2019.
IBGE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Cidades:
Apiaí (SP). Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sp/apiai/panorama>.
Acesso em: 15 de julho de 2019.
PETAR. PARQUE ESTADUAL TURÍSTICO DO ALTO RIBEIRA. Petar
online. Disponível em: <https://www.petaronline.com.br/>.
Acesso em: 15 de julho de 2019.
PNUD. PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO. Atlas
do Desenvolvimento Humano no Brasil: Apiaí (SP). Disponível em: <http://www.atlasbrasil.org.br/2013/pt/perfil_m/apiai_sp>.
Acesso em: 15 de julho de 2019.
SÃO PAULO. Parque Estadual Caverna do Diabo.
Disponível em: <http://www.saopaulo.sp.gov.br/conhecasp/parques-e-reservas-naturais/parque-estadual-caverna-do-diabo/>.
Acesso em: 15 de julho de 2019.
SÃO PAULO. Parque Estadual Ilha do Cardoso. Disponível
em: <http://www.saopaulo.sp.gov.br/conhecasp/parques-e-reservas-naturais/parque-estadual-ilha-do-cardoso/>.
Acesso em: 15 de julho de 2019.
SÃO PAULO. Parque Estadual Intervales. Disponível em:
<http://www.saopaulo.sp.gov.br/conhecasp/parques-e-reservas-naturais/parque-estadual-intervales/>.
Acesso em: 15 de julho de 2019.
UNESCO. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E
A CULTURA. Patrimônio Mundial Natural no Brasil. Disponível em <http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/natural-sciences/environment/world-natural-heritage/#c1076385>.
Acesso em: 15 de julho de 2019.