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quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Crescem os problemas de fornecimento da Light

Por: Cláudia Schüffner - Valor On-line

Em meio às negociações de mudança de controle para a Cemig, a Light dá sinais de que faltou fôlego para atender o seu mercado. Nos últimos 30 dias a empresa contabiliza uma série de cortes de energia no Rio de Janeiro que apontam para falta de investimentos na sua rede de distribuição. Com 3,9 milhões de consumidores, a Light demorou 24 horas para consertar um problema que deixou sem luz 12 mil consumidores dos bairros de Ipanema, Leblon e Lagoa, na zona Sul do Rio de Janeiro. O problema nos cabos subterrâneos da distribuidora na região começou domingo, com o rompimento de dois deles de um conjunto de oito. Às 15h50 de segunda-feira, com o rompimento de um terceiro cabo, a Light desligou a energia deixando 12 mil consumidores, incluindo um shopping center, sem luz.

"Quando perdemos o terceiro cabo resolvemos desligar o sistema inteiro porque senão a sobrecarga no sistema poderia danificar os cinco restantes, causando um efeito pior ainda. E corremos para consertar" , afirma o presidente da Light, José Luiz Alquéres.

Os transtornos na região foram inúmeros. O problema foi resolvido ontem às 14h50, mas em alguns pontos de Ipanema o fornecimento só foi retomado por volta de 16h. Mas os problemas de suprimento da Light na zona Sul do Rio tornaram-se mais frequentes este mês, quando a temperatura subiu. Foram afetados moradores de Copacabana e de parte do Arpoador, Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes.

Para cada um desses eventos a empresa informou um problema técnico, variando desde o incêndio em caixa de medidores, problemas na rede subterrânea de Ipanema, desarme de transformadores a cabos queimados na Barra da Tijuca.

Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mostram queda de desempenho da distribuidora fluminense em 2008, quando os consumidores sofreram com uma média de 11h06, acima do limite de 10h59 estabelecido pela agência reguladora. Para 2009 o limite estabelecido foi de 10h28 para o DEC (horas sem energia) e de 9h47 para o FEC, índice que mede a frequência das interrupções.

Alquéres afirma que a distribuidora tem o menor número de interrupções e segundo melhor tempo de duração do país, atrás apenas da CPFL. De fato, o índice que aponta o DEC até setembro de 2009 é de 8,96 na média móvel do período. Já o FEC, na média móvel, ficou em 5,75, a melhor do país. Os números devem piorar depois dos últimos eventos.

"É lógico que isso (os desligamentos) nos preocupa, pessoas que precisam de assistência ou moram em andares elevados (são afetadas). Mas logo que percebemos o problema colocamos quinze equipes para identificar e corrigir os defeitos. O sistema subterrâneo demora a dar defeito mas quando isso ocorre é complicado identificar" .

Alquéres menciona ainda o fato de a distribuidora ter triplicado os investimentos, que ficavam numa média de R$ 200 milhões, para uma média de R$ 600 milhões anuais nos últimos dois anos. E planeja investir R$ 3,5 bilhões nos próximos cinco.

Mesmo assim, a impressão de fontes do setor, alguns moradores do Rio, é de que a empresa parece estar priorizando investimentos para reduzir furtos, o que pode ter afetado os investimentos para reforço e expansão da rede para evitar sobrecarga no sistema. Ontem a Aneel deu 48 horas para a Light explicar as causas e a duração da falta de energia na zona Sul, os locais afetados e as medidas para evitá-los.

Controlada pelo consórcio Rio Minas Energia Participações (RME), que tem 52,13%, a Light vai mudar de comando quando a Cemig concluir negociações com a Equatorial Energia e a Andrade Gutierrez para adquirir as ações dessas empresas. Quando concluído o processo a participação da Cemig subirá de 13% para 39%.

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